José Pastor
A PESSOA DE JOSEFANE FICOU NO MASSACRE DE MALUANE, MAS SEU CORPO VEIO A MAPUTO PARA PÔR VELAS
Uma rajada de metralhadora
e ele caiu do camião.
Rachou-se o cóccix.
Coaxaram as rãs do rio vizinho.
Cócegas no sangue dele.
O primeiro grito foi
o canto plangente do cisne.
As árvores deliravam
ruídos de harpa. A morte,
com a sua foice aguerrida,
saqueou-lhe todo o sangue baboso
e levou-lhe a cruz ao calvário
doloroso da fossa comum.
O rio de lágrimas secou
na roda dentada da vida.
A moagem do coração parou.
Os açudes que represam o sangue
das veias desmoronaram-se.
No seu organismo
só ficaram gemidos de grilo,
primeiro;
piares de coruja,
depois;
e o silêncio sepulcral dos vermes,
por último.
A morte encafuou-se no seu ninho.
E lá, dentro de Josefane madrugador,
ficou quietinha e satisfeita
a pôr seus ovos de cotovia.
E um louva-a-deus
foi o primeiro ser vivo
a pousar no seu corpo morto.
Eu vi!, com o coração aos pirilampos…
[164]
sexta-feira, julho 08, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
mto legal
ResponderEliminare putz.. acredita q eu fraturei meu cóccix ontem?!!!
bjo, fernanda.