Rui Knopfli
NENHUM MONUMENTO
Não são aparentes em ti as marcas de grandeza
nenhum monumento desfigura
ou altera a monotonia sem convulsões
do teu rosto quase anónimo.
A escassez de ogivas, arcobotantes,
rosáceas, burilados portais, cobra-la tu
na gravidade das tuas sombras
e do teu silêncio. Não vem sequer
da tua voz a opressão que cerra
as almas de quantos de ti
se acercam. Não demonstras,
não afirmas, não impões.
Elusiva e discretamente altiva
fala por ti apenas o tempo.
[59]
quinta-feira, janeiro 29, 2004
sábado, janeiro 24, 2004
domingo, janeiro 18, 2004
terça-feira, janeiro 13, 2004
(Canção Popular)
DE LONGE ESTA ILHA PARECE PEQUENA
De longe esta Ilha parece pequena
Esta Ilha é grande.
Tem longa história desde os habitantes aos seus monumentos
Não nos é possível contar-vos tudo quanto temos
Pois há outros que querem também falar-vos
Se ainda quereis ouvir algos nossos
ficais muito tempo nesta Ilha.
Assim mostrar-vos-iam a rua de fogo
onde vós nunca chegastes.
[56]
DE LONGE ESTA ILHA PARECE PEQUENA
De longe esta Ilha parece pequena
Esta Ilha é grande.
Tem longa história desde os habitantes aos seus monumentos
Não nos é possível contar-vos tudo quanto temos
Pois há outros que querem também falar-vos
Se ainda quereis ouvir algos nossos
ficais muito tempo nesta Ilha.
Assim mostrar-vos-iam a rua de fogo
onde vós nunca chegastes.
[56]
domingo, janeiro 11, 2004
Virgílio de Lemos
OUAMISI
Será desta luz d'equinócio o manto verde azul
quem te confere teu ar de canto singular?
Será que o mistério vem mais da luz iridiscente
que de tua alma errante em busca da vertigem?
Etiópia Sudão Novo Mundo e Extremo Oriente
escravos e canelas, baixelas de prata bordados.
Será que posso falar de omnipresente osmose
entre o sagrado e o grito mineral da carne?
Efebos e mulheres, conquistadores e naus
entre o simulacro de uns, de outros a firmeza,
neste santuário de almas, a génese irrompe
como se o génio da memória e da paisagem
se beijassem na imediatez do que reclamo
e do oceano imprevisível, nascesses tu, ilha.
[55]
OUAMISI
Será desta luz d'equinócio o manto verde azul
quem te confere teu ar de canto singular?
Será que o mistério vem mais da luz iridiscente
que de tua alma errante em busca da vertigem?
Etiópia Sudão Novo Mundo e Extremo Oriente
escravos e canelas, baixelas de prata bordados.
Será que posso falar de omnipresente osmose
entre o sagrado e o grito mineral da carne?
Efebos e mulheres, conquistadores e naus
entre o simulacro de uns, de outros a firmeza,
neste santuário de almas, a génese irrompe
como se o génio da memória e da paisagem
se beijassem na imediatez do que reclamo
e do oceano imprevisível, nascesses tu, ilha.
[55]
domingo, janeiro 04, 2004
Luís Carlos Patraquim
MUHÍPITI
É onde deponho todas as armas. Uma palmeira
harmonizando-nos o sonho. A sombra.
Onde eu mesmo estou. Devagar e nu. Sobre
as ondas eternas. Onde nunca fui e os anjos
brincam aos barcos com livros como mãos.
Onde comemos o acidulado último gomo
das retóricas inúteis. É onde somos inúteis.
Puros objectos naturais. Uma palmeira
de missangas com o sol. Cantando.
Onde na noite a Ilha recolhe todos os istmos
e marulham as vozes. A estatuária nas virilhas.
Golfando. Maconde não petrificada.
É onde estou neste poema e nunca fui.
O teu nome que grito a rir do nome.
Do meu nome anulado. As vozes que te anunciam.
E me perco. E estou nu. Devagar. Dentro do corpo.
Uma palmeira abrindo-se para o silêncio.
É onde sei a maxila que sangra. Onde os leopardos
naufragam. O tempo. O cigarro a metralhar
nos pulmões. A terra empapada. Golfando. Vermelha.
É onde me confundo de ti. Um menino vergado
ao peso de ser homem. Uma palmeira em azul
humedecido sobre a fronte. A memória do infinito.
O repouso que a si mesmo interroga. Ouve.
A ronda e nenhum avião partiu. É onde estamos.
Onde os pássaros são pássaros e tu dormes.
E eu vagueio em soluços de sílabas. Onde
Fujo deste poema. Uma palmeira de fogo.
Na Ilha. Incendiando-nos o nome.
[54]
MUHÍPITI
É onde deponho todas as armas. Uma palmeira
harmonizando-nos o sonho. A sombra.
Onde eu mesmo estou. Devagar e nu. Sobre
as ondas eternas. Onde nunca fui e os anjos
brincam aos barcos com livros como mãos.
Onde comemos o acidulado último gomo
das retóricas inúteis. É onde somos inúteis.
Puros objectos naturais. Uma palmeira
de missangas com o sol. Cantando.
Onde na noite a Ilha recolhe todos os istmos
e marulham as vozes. A estatuária nas virilhas.
Golfando. Maconde não petrificada.
É onde estou neste poema e nunca fui.
O teu nome que grito a rir do nome.
Do meu nome anulado. As vozes que te anunciam.
E me perco. E estou nu. Devagar. Dentro do corpo.
Uma palmeira abrindo-se para o silêncio.
É onde sei a maxila que sangra. Onde os leopardos
naufragam. O tempo. O cigarro a metralhar
nos pulmões. A terra empapada. Golfando. Vermelha.
É onde me confundo de ti. Um menino vergado
ao peso de ser homem. Uma palmeira em azul
humedecido sobre a fronte. A memória do infinito.
O repouso que a si mesmo interroga. Ouve.
A ronda e nenhum avião partiu. É onde estamos.
Onde os pássaros são pássaros e tu dormes.
E eu vagueio em soluços de sílabas. Onde
Fujo deste poema. Uma palmeira de fogo.
Na Ilha. Incendiando-nos o nome.
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