João Paulo Borges Coelho
SETENTRIÃO / CASAS DE FERRO (excerto/2)
De dia, calhando estar a maré baixa, descia o Povo dos barcos a estender os seus produtos no areal. Surgia ali um bazar desarrumado e barulhento que, embora sendo igual, era muito diferente dos restantes bazares conhecidos. O peixe, fresquíssimo, era pescado ali mesmo no local, quando ainda o tapava a maré. Havia gordas mulheres vendendo as farinhas, as couves e as cebolas; cesteiros com os seus cestos acabados de entrançar, cheirando ainda ao cheiro acre da seiva da palha; rapazes vendendo cigarros à unidade ou apalpando as capulanas para comprovar o macio do pano com que eram feitas; raparigas passeando as suas cabaças de bebida fermentada, as suas latas de amendoim torrado com tal competência que a pele se soltava com um sopro e saía voando, etérea.
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segunda-feira, julho 18, 2005
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Que bonita fotografia! - um beijo, IO.
ResponderEliminarJoão Paulo
ResponderEliminarAssisti sua entrevista na RTPi aqui onde moro no Brasil...
Pesquisando seu nome encontrei o blog e gostei.
Em comum, a cidade Natal e parte da vida passada e dedicada a uma das ex-colônias, no meu caso em Angola.
Procurarei seus livros aqui ou em Portugal
Nelsinho (Nelson Castro)