sábado, fevereiro 19, 2005

Glória de Santana

BAIRRO NEGRO

As pequenas casas maticadas
erguem-se de longe (de séculos, de antigas datas)
contra o mar e as ondas e as algas.

Como remotas conchas embaciadas
caídas de uma súbita maré alta (lúcida e predestinada)
entre o areal e as ondulantes palmas.

As pequenas casas cúbicas e caladas
onde os problemas são primários e as janelas fechadas
e os tectos de macúti...

(Quem sofre dentro das rústicas portas não aplainadas?
Ou se encosta chorando às trémulas arestas
projectadas entre ângulos de acaso?

Que mar indeterminado e abstracto
se reflecte num olhar ou num gesto marcado
por um ignoto hábito?)


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