Victor Matos e Sá
A RUI DE NORONHA
Poder, Amigo
chamar-me irmão na tua dor
já que não o posso ser
na mesma cor;
Ja que um destino diferente
e os anos,
Puseram longas, infinitas margens
entre as nossas vidas
afastadas...
Tu, lá no último Sonho
onde a verdade existe em cada um
como um sangue puro,
como uma lua natural.
E eu
ainda nesta luta
de viver
sofrendo
o mesmo mal.
Este malfeito destino
desde meus sonhos primeiros
de menino;
este mal de chorar sempre
a dor comum dos desgraçados
e ter lágrimas ainda
para os nossos sonhos
destroçados...
Esta mal
só mal para o mundo
a nossa única essência de viver
e contar
diversamente
a mesma eterna agonia...
Este mal que vem a ser
a poesia...
Deixa-me, pois, Amigo
(Diante qualquer noite deserta
em que o silêncio
e a sonolência de tudo
seja para nós
a única porta inteiramente aberta
e o nosso altar)
ficar contigo um só instante,
- apenas o bastante
para te Amar!
E poder, Amigo,
chamar-me irmão da tua dor
já que não o posso ser
na mesma cor...
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segunda-feira, abril 18, 2005
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