sexta-feira, novembro 14, 2003

Rui Knopfli

KAAP DIE GOEIE HOOP

Verdes vinhas de entre dois oceanos,
na lança antártica da rosa-dos-ventos,
ao limite extremo do Cabo Fim.
Luxuriento, o leito azul do Mostrengo

adormecido, ásperas, duras falésias
e abismos, fractura de altos sonhos
imperiais. Na lívida sepultura
da areia, perdido o Setestrelo,

o cego navegante deitou sortes
à Ventura relutante. Na escuma
do Tempo, oxidado e estrangeiro,

o timbre da voz remanescente. Erecta
lápide roída de sal e de remorso,
na bruma. Só o Padrão é português.


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