domingo, junho 10, 2007

Júlio Carrilho

ESTRANHA FORMA

Estranha forma de engolir subúrbios
de dar sobranceria à urbe nobre
não só com cal não só com traça forte
para afastar o olhar do bairro pobre

As gentes simples que fazem lembranças
que as fundem finas as tecem em prata
pintaram seus sorrisos de brancura
cercando-se de beijos de mulata

Se ateiam lares no fundo rochoso
regados de suor antepassado
na superfície incerta da pedreira
impera o tufo pelo maticado

É este o Sul que eu abro nos meus livros
nas ilhas ou nas terras adornadas
que teimam em subir com o mar desperto
e garrir-se de cor e gargalhadas


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