sábado, fevereiro 10, 2007

Eugénio Lisboa

TRANSPARÊNCIA

Morrer é só não ser visto,
é sair de ao pé de ti,
apagar-me em tudo isto,
deixar de ver o que vi.

Morrer é não estar em ti,
e mais do que não te ver,
é não ser visto por ti,
no deserto do não ser.

Morrer é como apagar-se
a chama que houve em nós,
é uma espécie de ficar-se
vazio da própria voz.

Vive o amor da atenção
que se tem por quem se ama.
Mas a morte atiça em vão
o fio que não dá chama.

Morrer é só não ser visto,
é passar a pertencer
a um livro de registo
que guarda o nosso não-ser.


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3 comentários:

  1. Apesar do dia ser de festa, encontro por aqui tristeza?
    De qualquer modo "gracias a la vida", parabéns e muitos, muitos encontros por aqui, durante os próximos anos.

    Bjo*

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  2. Sabes como é o mufana, L.: esteve a ouvir Vinicius «Mas para fazer um 'blog' com beleza/é preciso um bocado de tristeza/senão não se faz um samba não».

    MUITOS MUITOS PARABÉNS a um dos mais queridos bloguistas, o MIGUEL!! - chuingas e beijos em festa!, IO.

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  3. Muitos parabéns!!!!! Á saúde dos versos que por aqui passeiam!

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