segunda-feira, agosto 07, 2006

Fonseca Amaral

POEMA

Para o R.G.

Na carteira, junto ao peito,
«a mais maravilhosa fotografia da nossa adolescência»:
é o mar ao fundo, as casuarinas de religioso jeito
e a nossa juvenil independência

Estranhos hoje se sentam à mesa,
bebem o vinho e mancham a toalha:
não há novidade que apague e valha
o tecido sagrado da firmeza
O ruído insidioso não conseguiu varrer
os estilhaços de vidro na memória
e a picada fina da distância, já história,
é a cidade-flor-areia,
por esquecer

Do ímpeto e da delicadeza
trazes fotografia por medalha:
é óleo puro, serena certeza,
contido em firme, bem humana talha.


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