José Craveirinha
ESPERANÇA
No canhoeiro
um galagala hesita
a cabeça azul.
Nos roxos
sótãos do crepúsculo
a aranha vai fiando
sua capulana de teia.
E nós?
Ah, nós esperamos
na euforia das costas suadas
que o sal do vexame acumulado
deflagre.
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Não sou daqui das praias da tristeza Do insone jardim dos glaciares Levai minha nudez minha beleza E colocai-a à sombra dos palmares - Natália Correia