José Craveirinha
A MINHA COMPLACÊNCIA
Podeis homicidar-me com vossos vitupérios.
Meu inato orgulho vai quase à timidez insociável.
O que mais amo não me obceca.
Sou um cobarde do servilismo.
Esgazeados olhos exímios de quizumba ameaçam.
Esses látegos…! Esses látegos…! Esses látegos…!
E os pães omissos nas bocas?
E os dentes em desuso nas maxilas das crianças?
Será que lhes sucede a teoria de Darwin?
Vai caindo envelhecida a minha complacência
Nestes céus africanos amantizados de sombrias nuvens
só fazem sentido vicejantes flores das mandioqueiras
e o neo-realismo só faz literatura nas machambas de milho.
Não existem na história destinos obnóxidos.
O mal é conhecer um pouco os versos de Bertolt Brechet.
Pior seria desconhecer por quem morreu Eduardo Mondlane.
Traição é saber escrever e não escrever nada.
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quinta-feira, julho 20, 2006
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Gostei muito deste blog!, que você criou. E agora que o descobri o venho sempre visitá-lo. Este poema do grande poeta e jornalista luso-moçambicano José Craveirinha, exprime sentimentos e angústias de muitos de nós. Vou copiá-lo para o meu blog e postá-lo dentro em breve.
ResponderEliminarAbraço carinhoso,
Nelson Ngungu Rossano