Mia Couto
ILHA DE MOÇAMBIQUE
Não é a pedra.
O que me fascina
é o que a pedra diz.
A voz cristalizada,
o segredo da rocha rumo ao pó.
E escutar a multidão
de empedernidos seres
que a meu pé se vão afeiçoando.
A pedra grávida
a pedra solteira,
a que canta, na solidão,
o destino de ser ilha.
O poeta quer escrever
a voz na pedra.
Mas a vida de suas mãos migra
e levanta voo na palavra.
Uns dizem: na pedra nasceu uma figueira.
Eu digo: na figueira nasceu uma pedra.
[284]
Bibliografia essencial: Mia Couto, idades cidades divindades, Caminho
domingo, outubro 21, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
E já agora convido-vos a todos a entrarem no Kafe Kultura, entrarem na máquina do tempo e visitarem Lourenço Marques ou Maputo, nos anos 20.
ResponderEliminarEm http://kafekultura.blogspot.com