segunda-feira, agosto 13, 2007

José Eduardo Agualusa

AS MULHERES DO MEU PAI (excerto/4)

«[…] Uma ocasião, já tu tinhas partido há muito, fui a Lourenço Marques, e levaram-me a jantar ao Hotel Polana. Quando entrei no salão o pianista começou a tocar o Muxima. Eras tu, com alguns cabelos brancos, mas sempre jovem e elegante. Disseste-me: “Aqui não entram pretos”, e de facto éramos os dois únicos homens de cor ali dentro. Soltaste uma daquelas tuas gargalhadas cheias de vida, cheias de som e de fúria, e acrescentaste: “Sinto-me como uma gazela a pastar entre leões. O truque é agitar a juba e rugir.” A verdade é que Faustino Manso sempre entrou onde bem quis. Nunca aceitou ficar à porta e nunca ninguém se atreveu a deixá-lo à porta […]»


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